A fotografia é conhecida. De um lado, os interlocutores tradicionais, já habituados a dividir entre si as rédeas do debate. Do outro, uma cadeira vazia. É nela que o SINPREV insiste em se sentar. E não se trata de capricho: representa milhares de participantes e assistidos de fundos de previdência como Petros, Previ, Funcef e Postalis.
Protocolou ofício, cobrou da Petrobras, pediu espaço à Petros. O silêncio das instituições é tão eloquente quanto incômodo. As negociações seguem nas mãos de FUP, FNP, Fenaspe e Ambep. O sindicato observa do lado de fora e lembra que a exclusão corrói a credibilidade do processo.
Quando se mexe em planos de previdência, não se mexe em abstrações: mexe-se na vida de aposentados, de trabalhadores que já contribuíram décadas, de famílias que dependem desses fundos. A ausência do SINPREV é mais do que um detalhe burocrático. É um risco de que as decisões sejam tomadas em um corredor estreito, sem a pluralidade de vozes que um tema dessa magnitude exige.
A política previdenciária não pode se reduzir a um jogo de compadres. É hora de abrir a porta e preencher a cadeira vazia.
A reclamação do SINPREV está na sua conta do Instagram.
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Ronaldo Nóbrega é jornalista e memorialista, com quase três décadas de atuação na imprensa e na análise institucional. Aos 16 anos, emancipou-se para ingressar no mercado de comunicação, iniciando sua trajetória no jornal A Hora, no Nordeste. Em Brasília, atuou como consulente no Tribunal Superior Eleitoral por 12 anos. Em 2005, teve papel de destaque na Consulta nº 1.185, que contestou a Regra da Verticalização e resultou na Emenda Constitucional nº 52/2006, marco que consolidou a autonomia partidária no Brasil.