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Ronaldo Nóbrega

Planalto já vê Galdino como voz do lulismo

Ronaldo Nóbrega  -   27 de setembro de 2025

O Palácio do Planalto tomou conhecimento de que Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, reafirmou apoio a Lula e se coloca como pré-candidato à sucessão de João Azevêdo. Galdino insiste que sua candidatura ao governo do Estado só se consolidará com o aval presidencial, transformando sua estratégia em uma aposta clara na sintonia com Brasília.

O desafio, no entanto, está dentro de casa. Parte de sua própria equipe ainda não assumiu a empreitada e insiste em negar à imprensa que a pré-candidatura seja definitiva. Esse ruído interno mina a coesão que Galdino precisa para se afirmar no tabuleiro paraibano e fragiliza o discurso de unidade que tenta vender.

Sob a ótica política, o alinhamento a Lula é movimento calculado. Num estado em que o bolsonarismo perdeu fôlego nas urnas, atrelar-se ao presidente funciona como selo de legitimidade. Mas a equação é mais complexa. Não basta o carimbo do Planalto. Galdino terá de costurar alianças regionais, reduzir resistências e impor disciplina à própria tropa, porque uma pré-campanha marcada por sinais contraditórios dificilmente se sustenta.

Um ministro do governo Lula, em conversa reservada, admitiu que o Planalto enxerga em Galdino um aliado mais afinado nas redes sociais com o presidente do que com o próprio governador João Azevêdo. A percepção se reforçou depois de postagens em que o paraibano comemorou conquistas nacionais, como a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU, exaltando a prioridade de Lula às políticas de combate à pobreza, ao Bolsa Família e à valorização do salário mínimo.

Para o Planalto, essa disposição de Galdino em ecoar a narrativa federal é sinal de sintonia fina. Para os adversários locais, é o retrato de um projeto que depende quase integralmente da bênção presidencial. O teste definitivo será demonstrar que o alinhamento a Lula pode se transformar em trunfo eleitoral sem que sua candidatura se torne refém do Planalto.

redacao@colunapolitica.com.br

Ronaldo Nóbrega é jornalista e memorialista, com quase três décadas de atuação na imprensa e na análise institucional. Aos 16 anos, emancipou-se para ingressar no mercado de comunicação, iniciando sua trajetória no jornal A Hora, no Nordeste. Em Brasília, atuou como consulente no Tribunal Superior Eleitoral por 12 anos. Em 2005, teve papel de destaque na Consulta nº 1.185, que contestou a Regra da Verticalização e resultou na Emenda Constitucional nº 52/2006, marco que consolidou a autonomia partidária no Brasil.